terça-feira, 25 de junho de 2013

SEFAZ - RECEITA DE ERROS


















Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 25/06/2013 - A128

A Contadora paraense Antonete Osório desenvolveu um brilhante modelo de controle fiscal que atraiu a atenção até da SEFA-PA. O detalhamento analítico das situações tributárias específicas dos 17 mil itens do estoque do seu cliente alcançou um impressionante grau de sofisticação devido ao preciso enquadramento legal de cada produto movimentado. Dentre tantos mecanismos inteligentes de controle, um deles se destaca por sua incomum utilização. Trata-se do cálculo prévio de várias modalidades de ICMS que são notificados posteriormente pela secretaria de fazenda. Foram necessários 20 analistas da Microsiga para compreender a lógica da coisa. O resultado é que os cálculos batem perfeitamente com os valores cobrados em conta gráfica pela SEFA-PA, sendo que ocorrências de divergências de valores cobrados são muito raras. O fato mais surpreendente é que todo o corpo administrativo da empresa é formado por cinco pessoas. Os demais funcionários são vendedores, repositores e operadores de caixa. A empresa é a maior do seu ramo no estado do Pará.

Um sistema de cálculo prévio de notificações semelhante ao da Contadora Antonete seria de extrema utilidade aqui no estado do Amazonas. Mais até que no estado do Pará. O motivo é muito simples. A honestidade da SEFA-PA é representada pelos raros erros de cálculo dos tributos incidentes sobre o ingresso de produtos naquela localidade. Lá, a possibilidade de o empresário pagar ICMS indevidamente sobre notificações é baixa. Quanto à secretaria de fazenda do estado do Amazonas, é notório e sabido de todos que o mantra repetido incessantemente em cada um dos ouvidos de cada um dos seus funcionários é tributar tudo pela alíquota mais alta. Essa prática ostensiva e impregnada até no ar condicionado do posto da Praça 14 (GDDF) era justificada pela impossibilidade técnica de análise do mundaréu de pacotes de notas fiscais amarradas com barbantes.

O advento da nota fiscal eletrônica anunciava uma radical mudança nesse modus operandi, visto que tal fato decretou a morte das digitações. Todo o processo do gerenciamento de desembaraço de documentos fiscais se tornou pleno e absolutamente eletrônico. Mas curiosa e inexplicavelmente os erros continuam existindo. No computador da SEFAZ dois mais dois dá cinco e curiosamente todo e qualquer erro de processamento eletrônico resulta em imposto maior que o devido. E os números são assustadoramente colossais. Somente uma empresa atacadista aqui da nossa cidade foi notificada em R$ 21 milhões agora no primeiro trimestre de 2013, sendo que somente R$ 5 milhões eram devidos. Ou seja, se a empresa não contasse com uma equipe de empregados para analisar item a item de cada nota fiscal de entrada, ela teria incinerado R$ 16 milhões de reais. Isso é muito grave, gravíssimo; motivo de acionamento do Ministério Público e objeto de séria e urgente investigação.  A SEFAZ-AM cobra impostos indevidos de todas as empresas do estado, sendo que uma imensa parcela dessas empresas não analisa as notificações de cobrança e assim gera uma absurda receita de erros para o erário estadual.

Outra prática diária e recorrente da SEFAZ-AM é o bloqueio arbitrário e sem prévio aviso do contribuinte que fica de um minuto para o outro impedido de trabalhar. Isso obriga a empresa a desenterrar defuntos de anos passados para provar que está correta. Com muita luta, muito tempo perdido e muita insistência o contribuinte é desbloqueado. Esse tipo de prática danosa aos negócios não gera nenhum tipo de punição ao funcionário público. A empresa pode arcar com gigantescos prejuízos sem que o autor do bloqueio indevido não tenha que responder pelas perdas e danos do contribuinte. É estarrecedor a prerrogativa da SEFAZ-AM de poder mirar num determinado contribuinte, infernizar a vida dele, destruir seus negócios e ficar por isso mesmo.

É impressionante a inércia e a dificuldade da sociedade para fazer valer sua cidadania. O governo faz e desfaz; tripudia, atrapalha, destrói a vida de quem trabalha e ninguém faz nada. A classe empresarial bem que poderia aproveitar esse momento de convulsão social para também protestar e exigir racionalidade, respeito e justiça dos órgãos fazendários opressores.




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